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Área de ciências contábeis deixa de ser operacional e vira setor estratégico com IA

A integração entre dados, tecnologia e pensamento analítico marca a transição da contabilidade operacional para uma atuação estratégica

Créditos: istock/pcess609

Hoje, o campo epistemológico das ciências contábeis está vivenciando uma transformação significativa, sobretudo impulsionada pela inteligência artificial (IA) e pela automação dos processos produtivos. Houve um momento da existência no qual o setor era compreendido fundamentalmente como operacional, centrado em tarefas repetitivas e manuais. 

Todavia, hoje, consolida-se como uma área estratégica nas organizações. Essa transição representa uma virada de chave no entendimento sobre o papel do contador no mercado. Há alguns anos, era evidente que o debate pairava no temor quanto à substituição humana pelas máquinas. 

No entanto, a atualidade concreta evidencia o contrário: a tecnologia está reforçando a importância da profissão. Segundo levantamento da Deloitte, mais de 60% das empresas brasileiras já utilizam soluções de automação contábil, e cerca de 40% pretendem investir em IA contábil até o final de 2025.

Automação avança e muda rotina de profissionais de ciências contábeis

O primeiro ponto a ser destacado é que a automação contábil já é uma realidade consolidada em muitas organizações. Nesse contexto, processos como lançamentos financeiros, conciliações bancárias e classificações de despesas, responsáveis por consumir horas de trabalho, são atualmente realizados em uma parcela menor de tempo. 

O resultado disso é, por consequência, redução significativa de erros e ganho expressivo em termos de eficiência. Conforme a Deloitte, hoje, 60% das empresas brasileiras incorporam algum tipo de automação em suas rotinas contábeis. 

É importante destacar que essa tendência é de crescimento, na medida em que os sistemas tornam-se cada vez mais acessíveis. Outro motor dessa transformação é a IA. A realidade material nos mostra que os algoritmos são capazes de identificar padrões, cruzar dados e gerar relatórios contábeis em tempo real, com grau elevado de precisão. 

A partir disso, os profissionais deixam de atuar exclusivamente como executores de tarefas mecânicas, dedicando seu trabalho a atividades de análise, planejamento e suporte à tomada de decisão. Nesse sentido, a inteligência artificial na contabilidade tornou-se uma ferramenta que amplia o potencial dos sujeitos, ao invés de substituí-los.

De executor a consultor: novo papel exige novas habilidades

Na vida, a mudança é a única constante, pelo menos é o que nos ensinam alguns pensadores pré-socráticos. Considerando essa questão, a profissão de contador também está submetida a essa lógica. 

No mundo contemporâneo, nesse novo perfil, pensando em uma analogia com o sistema solar, o domínio técnico seria o sol, e as habilidades como comunicação assertiva, ética, pensamento crítico e inteligência emocional seriam os planetas. Para pleno funcionamento desse sistema, todas as variáveis são importantes. 

O cenário mundial mostra que as grandes firmas globais de consultoria e auditoria, conhecidas também como Big Four, estão investindo significativamente em soluções de IA. O motivo desse movimento é evidente: não há dúvidas de que a tecnologia aumenta a eficiência operacional. 

No entanto, nesse movimento, um fator é basicamente consenso: o julgamento humano permanece elementar. Isso significa, portanto, que nenhum algoritmo, por mais avançado e sofisticado que seja, será capaz de substituir a análise crítica e a capacidade de interpretação que definem a profissão contábil. 

O desafio, portanto, está atrelado ao desenvolvimento profissional, no sentido de uma atuação com intencionalidade e estratégia. Nessa perspectiva, aqueles que souberem aliar conhecimento técnico à compreensão de negócios e de comportamento organizacional estarão mais bem posicionados no mercado.

Mercado aposta em valorização da profissão contábil com tecnologia

É perceptível que o mercado mundial demonstra certa confiança na valorização profissional atrelada ao uso da tecnologia disponível. Entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, o ecossistema de venture capital em inteligência artificial aplicada à contabilidade recebeu US$ 270,5 milhões em investimentos, distribuídos em 13 empresas. 

Isso significa que a média por rodada foi de US$ 27,1 milhões, com mediana de US$ 15,2 milhões. Esses números revelam a existência do dinamismo e do potencial de expansão nesse segmento. 

Por conseguinte, esse crescimento também reflete o aumento do mercado global de software contábil, estimado em cerca de US$ 12 bilhões em 2024, e as pressões por modernização que o setor enfrenta. 

A transformação digital na contabilidade, portanto, parece ser uma mudança estrutural que redefine o próprio conceito dessa profissão. Nesse cenário, profissionais formados em ciências contábeis estão assumindo papéis cada vez mais estratégicos nas organizações. 

É importante lembrar que, em 2015, o jornal britânico MailOnline publicou o artigo “Will your job be stolen by a robot?”, afirmando que contadores e auditores tinham 93,5% de chance de serem substituídos pela automação. Uma década depois, a realidade evidencia exatamente o contrário. 

A era digital reposiciona o campo das ciências contábeis em outro patamar, no centro de uma ruptura com o modelo tradicional preestabelecido até então. As empresas que compreenderem essa mudança e investirem na capacitação de seus times contábeis sairão na frente, aproveitando todo o potencial que a tecnologia oferece.

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