Home » Tecnologia » Mais de 80% dos alunos relatam melhora na atenção após restrição ao uso de celulares em sala

Mais de 80% dos alunos relatam melhora na atenção após restrição ao uso de celulares em sala

Medida, já adotada em países como Itália e Austrália, mostra efeitos positivos no Brasil, com destaque para os anos iniciais do Ensino Médio

(crédito: iStock)

A proibição do uso de celulares em escolas brasileiras já mostra impactos concretos no cotidiano de estudantes e professores. A medida foi oficializada em janeiro de 2025, quando entrou em vigor a Lei 15.100/25, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Pela nova regra, o uso de telefones e outros dispositivos eletrônicos portáteis fica vedado tanto nas salas de aula quanto nos intervalos. Isso abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o médio. 

No entanto, o acesso continua liberado em situações específicas, como emergências, acessibilidade ou quando o recurso é solicitado pelo professor para atividades pedagógicas.

Assim, o objetivo central da lei é preservar a saúde física, mental e psíquica de crianças e adolescentes, além de proporcionar um ambiente escolar mais equilibrado. 

Quais são os impactos da proibição do celular nas escolas?

Dados levantados pela Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com a Equidade.info, apontam que 83% dos estudantes brasileiros afirmaram prestar mais atenção nas aulas após a restrição do uso de celulares em sala. 

O efeito foi mais significativo nos primeiros anos do ensino fundamental, em que 88% relataram melhora na concentração. No ensino médio, 70% dos alunos também perceberam impactos positivos.

A pesquisa, que ouviu 2.840 estudantes, 348 professores e 201 gestores de escolas públicas e privadas, em todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025, mostrou ainda que 77% dos gestores e 65% dos docentes relataram diminuição do bullying virtual.

Porém apenas 41% dos estudantes disseram notar a mesma redução, sugerindo que parte dos episódios pode não estar sendo reportada.

Por outro lado, os dados também revelaram efeitos colaterais: 44% dos discentes disseram sentir mais tédio durante os intervalos e recreios, índice mais elevado no ensino fundamental I (47%) e no turno da manhã (46%). Além disso, 49% dos professores identificaram aumento da ansiedade entre os estudantes sem o celular.

Em termos regionais, o Nordeste apresentou os maiores avanços, com 87% de melhora relatada no comportamento dos alunos. Já o Centro-Oeste e o Sudeste ficaram na faixa de 82%.

A maior concentração e atenção em sala não reflete apenas no desempenho imediato, mas pode se estender a outras áreas da vida acadêmica. Momentos de foco, por exemplo, favorecem reflexões sobre etapas futuras da formação, incluindo a escolha do vestibular. 

Nesse processo, ferramentas como o teste vocacional podem auxiliar estudantes a identificar possibilidades e tomar decisões mais assertivas em relação ao futuro profissional.

O cenário antes da proibição

Antes da adoção das restrições, pesquisas já apontavam os prejuízos da presença dos celulares nas salas de aula. Por exemplo, dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), de 2022, mostraram que 8 em cada 10 estudantes brasileiros de 15 anos afirmaram se distrair com o celular durante as aulas de matemática. 

Assim, aqueles que relataram distrações tiveram, em média, 15 pontos a menos na avaliação do que os colegas mais concentrados. Ainda, cerca de 40% dos alunos também disseram ter perdido a concentração devido ao uso dos celulares por outros colegas em sala de aula.

Como outros países lidam com celulares nas escolas

Segundo o Guia de Conscientização para Uso dos Celulares na Escola para as Redes, publicado pelo Ministério da Educação, a restrição de celulares não é exclusividade do Brasil. Por exemplo, a Itália foi uma das pioneiras, em 2007. Após flexibilizações, retomou a proibição geral em 2022 para todas as idades escolares. 

Na Austrália, desde 2020, celulares e smartwatches são vetados, enquanto a Espanha proibiu o uso em escolas primárias em 2024, permitindo a utilização no ensino médio apenas para fins pedagógicos. Nos Estados Unidos, ao menos 13 estados já estabeleceram medidas semelhantes.

About Flávia Viana

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com