Avanço da Inteligência Artificial impulsiona mudanças profundas na exploração, no refino e na distribuição de derivados do petróleo, com impacto direto no cotidiano dos brasileiros
Créditos: Istock/alejomiranda
A Inteligência Artificial (IA) tem se consolidado como uma das principais aliadas da indústria de petróleo e gás, oferecendo soluções que tornam os processos mais ágeis, seguros e, sem dúvidas, sustentáveis. Em um setor tradicionalmente associado a altos custos operacionais e riscos ambientais, o uso de tecnologias inteligentes surge como uma revolução silenciosa, mas que não deixa de ter grande impacto.
Segundo estudo conduzido pelo Centro de Excelência em Inteligência Artificial do SENAI CIMATEC, publicado em 2022, a aplicação de algoritmos de aprendizado de máquina na interpretação de dados sísmicos pode aumentar em até 25% a assertividade na identificação de reservatórios subterrâneos.
Esse tipo de análise, antes feito majoritariamente por geólogos e geofísicos, passa a ser complementado por sistemas que processam milhões de dados em segundos, reduzindo o tempo e o custo da exploração.
Já na etapa de refino, um levantamento publicado pela consultoria global McKinsey & Company, em 2020, revelou que a automação baseada em IA pode reduzir em até 20% os custos operacionais em refinarias, além de aumentar a taxa de recuperação de petróleo bruto.
A pesquisa, feita com mais de 100 empresas do setor em 12 países, destacou que os sistemas inteligentes são capazes de ajustar automaticamente variáveis como pressão e temperatura em tempo real, otimizando a produção de derivados como a gasolina e o diesel.
Esses ganhos também são perceptíveis na prevenção de falhas. Um estudo do Instituto SENAI de Inovação para Tecnologias da Informação (ISI-TICs), em parceria com a Petrobras, realizado entre 2021 e 2022, utilizou redes neurais para prever falhas em compressores de gás natural.
O sistema, treinado com mais de 200 mil horas de operação, atingiu 92% de acurácia nas previsões, permitindo ações preventivas que evitam paralisações e acidentes.
Outro aspecto impactado pela IA é a logística, especialmente no transporte e na distribuição de combustíveis. Ferramentas de análise preditiva ajudam a calcular rotas otimizadas para caminhões-tanque e a prever o consumo em diferentes regiões, com base em histórico, clima e comportamento de compra.
Essas inovações têm impacto direto no fornecimento de produtos como o botijão de gás, um subproduto do petróleo presente em mais de 95% dos lares brasileiros, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em levantamento atualizado em 2023.
O GLP, envasado no conhecido botijão de gás, depende de uma cadeia logística altamente precisa. Com o uso de IA, as empresas conseguem antecipar aumentos na demanda, pensando especialmente nos períodos de frio ou feriados e evitando desabastecimentos.
Além disso, sensores acoplados aos botijões já estão sendo testados desde 2022 para monitorar o consumo em tempo real e indicar automaticamente quando é hora de reabastecer, garantindo maior comodidade e segurança para as pessoas.
Embora ainda existam desafios regulatórios e estruturais para a adoção plena da IA no setor, o cenário parece bom. A Petrobras, por exemplo, já possui uma frente dedicada exclusivamente ao desenvolvimento de soluções com IA, como parte de seu programa de transformação digital, iniciado em 2020, com foco na sustentabilidade e na segurança operacional.
A combinação de expertise humana e Inteligência Artificial está no rumo de transformar o futuro de uma das indústrias mais estratégicas do mundo. E, ao contrário do que muitos pensam, seus reflexos estão presentes no cotidiano de todos.