Segundo pesquisas, os remédios produzidos em microgravidade podem ser mais rápidos e eficientes que os produzidos na Terra
É possível dizer hoje que a “Corrida Espacial”, aquela mesma estudada nos livros de história entre EUA e URSS, ainda existe hoje, mas de forma ligeiramente diferente ninguém acreditaria. Enquanto naquela época a corrida era para desenvolver tecnologias capazes de dar uma vantagem de um bloco econômico sobre outro, a corrida atual se trata de outro propósito.
A atual corrida espacial
Os anos se passaram, blocos econômicos mudaram, mas a corrida pela exploração espacial não mudou, só que dessa vez ela é feita de forma privatizada e são empresas que competem entre si para desenvolver melhores tecnologia e ficarem na vanguarda de diferentes mercados.
Dentre essas empresas além da SpaceX e Blue Origin que buscam a exploração de Marte e que o homem volte à Lua, devemos citar a Varda Space que vai em uma direção totalmente contrária aos seus competidores.
O que é a Varda Space e o que procura na exploração espacial?
A Varda Space Industries é uma empresa de tecnologia dos EUA, sediada na Califórnia, que foi fundada em 2020 por um ex-funcionário da SpaceX. O objetivo dessa empreitada é aproveitar algumas características especiais do ambiente microgravitacional da órbita terrestre para a produção de fármacos de uma forma que até então não havia sido estudada.
A ideia por trás desse projeto é, primeiramente, lançar alguns pequenos satélites ao espaço para ficarem em órbita e rodar alguns testes de produção de compostos químicos em baixa gravidade, através de microrrobôs.
O ambiente de microgravidade, depois de muitos estudos, pode se provar como um aliado na produção de cristais de proteína com estruturas mais aperfeiçoadas do que aqueles sintetizados na Terra, justamente por conta da influência da gravidade na sua formação.
Cristais com a composição mais estruturada são mais eficientes em seu propósito, e, portanto, é possível que remédios produzidos no espaço tenham maior eficácia que aqueles feitos aqui embaixo.
Outra vantagem prevista pela produção de remédios em ambiente espacial é a total falta de poeira na linha de produção, principalmente nos estágios que utilizam compostos líquidos, a presença de poeira atrapalha no momento de ligação entre cadeias de alguns compostos o que prejudica a sua eficácia.
Perspectivas futuras
Com o tempo, e se esses testes forem bem-sucedidos, existe a possibilidade da construção de uma estação espacial tripulada para a produção desses remédios. Algumas pesquisas já mostraram que remédios como o Keytruda, para tratamento de câncer, se mostraram mais estáveis e com ação mais rápida, por conta de sua estrutura alterada pela microgravidade.
Por enquanto, ainda estamos nos primeiros passos desse tipo de exploração e experimentos espaciais, mas é possível que em poucas décadas já possam surgir projetos de diversas empresas para a produção de “remédios espaciais” e outros produtos relacionados à saúde.
Benefícios além da medicina
Por exemplo, por conta da microgravidade e pela possibilidade de embolia nas pernas, os astronautas devem usar equipamentos para melhorar a circulação sanguínea, como meias Kendall de alta compressão, para ajudar a equilibrar a pressão corporal; com esse projeto em desenvolvimento, podem surgir novos modelos de vestimentas que combatam esse problema.
Outro avanço prometido é o de produção de lentes de contato maleáveis, capazes de corresponder melhor à curvatura dos olhos, justamente pela falta da influência da gravidade no processo de produção.
Muitos podem pensar que todo o investimento que essas empresas estão fazendo para a exploração espacial são “perda de tempo e dinheiro” vale lembrar que, por conta da corrida espacial no século XX hoje podemos ter, em relativo acesso fácil, máquinas de ressonância magnética (originalmente elas eram usadas em foguetes para determinar o melhor local para pouso na Lua) que hoje detectam milhares de pacientes com câncer todos os anos.
Além disso, microcâmeras (iguais aquelas no seu celular) foram desenvolvidas nessa época para ocupar menos espaço e menos peso para serem carregadas em ferramentas embarcadas nos foguetes. E nem se fala também da tecnologia GPS que foi implantada exclusivamente para ajudar a guiar os foguetes e posteriormente todos os satélites em órbita.

